(2ª Parte dos mágicos excertos do seu livro, "Eu, Carolina")
Confraternização com árbitros.
Para sustentar a sua tese, Carolina faz uma confissão bastante perniciosa para o líder portista:
"Os árbitros Martins dos Santos e Augusto Duarte eram visitas de nossa casa, sempre trazidos pelo António Araújo.
Por ser muito cuidadoso, Jorge Nuno nunca falou com um árbitro ao telefone, nem precisava de o fazer, visto que eles iam lá a casa para confraternizar.
Eram levados pelo empresário António Araújo, bebiam café e comiam chocolatinhos. O Araújo funcionava como uma ponte entre o Jorge Nuno, o Reinaldo e os árbitros, disponibilizando-lhes simpatias, tais como raparigas e outros bens."
No dia do encontro, em casa, com o Beira-Mar, a contar para a Liga, Pinto da Costa combinou ir depor. Mas se ficasse detido havia uma estratégia bem montada:
"Se, por acaso, Jorge Nuno ficasse detido por ordem da juíza, tal como aconteceu com o Major, os Super Dragões invadiriam o Tribunal, destruindo tudo à sua passagem, e libertariam o presidente. Cá fora, eu estaria à sua espera num local previamente combinado e fugiríamos para Espanha, de onde só regressaríamos sabe-se lá quando."
Entretanto, Carolina recorda que teve o "desprazer de ouvir Joaquim Pinheiro [irmão de Reinaldo Teles] dizer em voz bem alta que se não fosse ele o presidente estava engavetado, devido a uma informação de um amigo seu da PJ do Porto".
A "coça" a Ricardo Bexiga.
"Há que limpá-lo", disse Pinto da Costa relativamente a Ricardo Bexiga, vereador socialista da Câmara Municipal de Gondomar e alegado delator das irregularidades naquela edilidade.
Carolina conta que se prestou ao serviço "mais desgraçado e degradante" da sua vida.
Então, alegadamente, Pinto da Costa, "com as suas ligações ao submundo", disse a Carolina quem é que ela deveria contratar para bater no vereador.
"Explicou-me como deveria actuar, pagando metade do preço à entrada e outra metade à saída, ou seja, antes e depois da agressão. O serviço custava 10 mil euros, dinheiro que me entregou sempre em notas e que retirou de uma grande gaveta da cómoda do nosso quarto, na Madalena, gaveta que, para meu espanto, estava sempre a abarrotar de dinheiro vivo", lembra.
Depois de Ricardo Bexiga ter sido agredido, Carolina Salgado teve um rebate de consciência, tendo desabafado o seu arrependimento com Lourenço Pinto, que teve uma tirada deliciosa.
"Oh, minha querida, mas ele ficou a falar!", ao que Carolina respondeu: "Mas eles partiram-no todo." Lourenço Pinto não modificou o discurso: "Sim, mas ficou a falar."
Carolina revela ainda que pediu desculpa a Ricardo Bexiga e que esse episódio "foi o princípio do fim" da sua relação com Pinto da Costa.
Os arrependimentos de Carolina.
Carolina Salgado não se coíbe de mostrar arrependimento de muitas das atitudes que tomou. Por exemplo, o facto de não ter apertado a mão a Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica.
Na época 2003/2004, aquando da visita do FC Porto ao Estádio da Luz ficou decidido que Pinto da Costa sentava-se no banco e Carolina na tribuna.
“Ali chegada (...) primei pela educação, mas numa atitude provocatória recusei cumprimentar o senhor Luís Filipe Vieira deixando-o de mão estendida. Depois fui para a casa de banho retocar a maquilhagem, perante o horror das senhoras do Benfica que nem conseguiam olhar para mim a direito.
Pelo telemóvel, ia-lhe contando estes meus passos. Ele rejubilava. ‘És um espectáculo, Carolina’, dizia, pedindo-me que lhe contasse todos os pormenores", sublinha.
Na temporada seguinte, Luís Filipe Vieira tinha decidido não deixar Carolina entrar na tribuna. Então, a companheira de Pinto da Costa decidiu ir para a bancada, na companhia dos Super Dragões, acompanhada de uma tarja direccionada ao líder encarnado.
Pinto da Costa quando viu a tarja, que dizia "Ó orelhas, estou aqui", ficou radiante. "O Jorge Nuno, hiper-feliz, mandava-me mensagens apaixonadas: 'Ouve lá, estás em grande' e 'Espectáculo'", refere.
No final do encontro José Veiga e Luís Filipe Vieira insultaram Carolina "de todas as maneiras e feitios, com alusões ao Calor da Noite", o que desagradou a cônjuge de Pinto da Costa.
"Fiquei triste não pelo que eles disseram, mas pela apatia do Jorge Nuno que vi, pela televisão, encostado a um canto da sala de imprensa, sem a menor disponibilidade para reagir ao achincalho que, para todos os efeitos, eu, a sua mulher, estava ali a sofrer", destaca.
José Mourinho rasgou a camisola de Rui Jorge.
Não se percebe no livro se Carolina Salgado viu, mas a sua frase não deixa dúvidas a ninguém.
"José Mourinho rasgou a camisola do jogador do Sporting, Rui Jorge", diz a antiga companheira de Pinto da Costa, reportando-se ao empate entre leões e dragões, a 1 de Fevereiro de 2004.
"Este acto do Mourinho provocou a fúria dos adeptos do Sporting, que me insultaram, quando me dirigia para o parque de estacionamento (a que não deveriam ter acesso...), e foi o próprio Rui Jorge que, saindo do seu carro, acorreu em minha defesa, dizendo que eu não tinha nada a ver com o acontecido", conta, numa revelação surpreendente.
[nota do autor do post: como não vou cá estar neste fim-de-semana, só segunda comentarei este assunto, mas mesmo assim, para não falhar prazos, coloquei o post agora hoje. até segunda, um bom fim de semana a todos.]