domingo, 6 de julho de 2008

"Basic Guide to Rugby" - Introdução ao Rugby, 2ª Parte

Este é um guia básico para o primeiro contacto com o Rugby e encerra a minha rubrica "Introdução ao Rugby" que estava, há muito tempo, para ser concluída com a sua segunda parte. Aqui abordarei a constituição de uma equipa de rugby, as principais situações de jogo, algumas regras fundamentais e aspectos importantes do equipamento de jogo.
Este é apenas um guia muito básico, uma introdução a uma modalidade. O resto da aprendizagem é feita nos treinos e deve ser complementada com os conhecimentos dos treinadores e com a documentação apropriada. Em todo o caso, estes textos e o material táctico são adaptados do blogue Rugbygues que fornece uma visão inicial dos fundamentos mais rudimentares do jogo. Fica aqui o meu agradecimento aos autores do mesmo.


Uma Equipa de Rugby
Os avançados: Nº1 ao Nº8
Os médios: Nº9 e Nº10

Os 3/4s: Nº11 ao Nº15

Nº 01 - Pilar
Nº 02 - Talonador
Nº 03 - Pilar
Nº 04 - 2ª linha
Nº 05 - 2ª linha
Nº 06 - Asa
Nº 07 - Asa
Nº 08 - Número 8
Nº 09 - Médio de formação
Nº 10 - Médio de abertura
Nº 11 - Ponta
Nº 12 - 1º centro
Nº 13 - 2º centro
Nº 14 - Ponta
Nº 15 - Defesa


O Campo de Jogo

Pontuação durante o Jogo

No rugby, os pontos conquistam-se da seguinte forma:
a) - Ensaio - 5 pontos
b) - Pontapé de conversão (após ensaio) - 2 pontos
c) - Pontapé de penalidade - 3 pontos
d) - Pontapé de ressalto (“drop”) - 3 pontos


Acessórios para a prática da modalidade

1. O Capacete

O capacete já é utilizado por muitos jogadores, principalmente pelos avançados. Agora até o Peter Cech usa um capacete de rugby, prova da sua utilidade e da protecção que concede ao utilizador.
2. Protector da boca

A protecção para a boca é um acessório de utilização obrigatória, sendo recomendada em todos os escalões. O rugby é um desporto de contacto e por isso mesmo deve ser praticado tendo em atenção a segurança de todos os seus intervenientes.
3. A Bola

A bola possui vários tamanhos conforme o escalão dos jogadores. Os séniores, juniores, juvenis e iniciados jogam com a bola tamanho 5, que é a maior. Os infantis e benjamins jogam com a bola tamanho 4 e os bambis jogam com bola tamanho 3, a mais pequena daquelas utilizadas em competição.

Situações específicas – Faltas e Sinalética do árbitro

Ponto assente, no rugby o passe apenas pode ser feito para trás e toda a conduta anti-desportiva e violência não são permitidas. Para além destas duas indicações essenciais, devo acrescentar que, quando placado, um jogador tem sempre que libertar a bola e que não é permitida a placagem a jogadores enquanto estão a receber a bola no ar ou a jogadores que não têm bola. Estas e outras situações são abordadas nos diagramas seguintes.

1. Avant ou “Forward pass”

Normalmente o “avant” é assinalado quando um jogador, que transporta a bola, a lança ou passa para diante. Também há toque para diante (ie avant) quando a bola segue em direcção à linha de bola morta adversária (ie em frente), após um jogador ter perdido a sua posse, ou após um jogador ter impulsionado ou batido com a mão ou braço, ou após ela ter batido na mão ou braço de um jogador e ter tocado o solo ou outro jogador antes de voltar a ser controlada por este.
Excepção a esta regra é o jogo ao pé, que pode ser feito em qualquer direcção.
2. Placagem alta ou "Gravata"

A placagem alta é uma placagem feita acima dos ombros, é uma falta grave e perigosa.
O castigo para a placagem alta é, uma penalidade a favor da equipa do jogador que sofreu a placagem e eventualmente um cartão amarelo para o jogador que placou. Os jogadores que vêem o cartão amarelo têm de sair do campo e não jogam durante 10 minutos.


Situações específicas – Individuais e Colectivas

1. Formação ordenada – Mellée ou Scrum

Uma formação ordenada (Scrum ou Mellée) só pode ter lugar no terreno de jogo, é constituída por oito jogadores de cada equipa ligados entre si, agrupados em três filas por equipa.
As primeiras filas («1ªs linhas») de cada equipa encaixam uma na outra de modo a que as cabeças dos jogadores estejam colocadas alternadamente.
Esta forma de encaixe cria um túnel, através do qual será lançada a bola pelo médio de formação, a fim de permitir aos talonadores, a disputa pela sua posse, jogando a bola com o pé.
2. Alinhamento ou Touche

Ocorre um alinhamento de cada vez que a bola sai por uma das duas linhas laterais.
A finalidade do alinhamento é a de recomeçar o jogo de uma forma rápida, segura e justa, com a bola a ser lançada para o meio das duas filas de jogadores após a sua saída.
Estes, por meio de combinações e movimentações organizam-se, tentando ganhar a posse da bola que é inserida na touche pelo talonador.
3. Reagrupamento – Maul

Há um maul quando o portador da bola em contacto com um companheiro de equipa é segurado por um adversário, de pé e no terreno de jogo.
O maul pode envolver um número ilimitado de jogadores de cada equipa e pode ter várias fases, posto que a bola vai sendo reciclada, ou seja, que um jogador sai do maul inicial com a bola e outro maul se inicia. Esta agrupamento não é estático e nunca pode a bola, nele, ficar presa, quando este não se encontrar em movimento.
É proibido fazer oposição pelos lados de um maul ou tentar derrubar o mesmo por via de uma placagem a um dos oponentes envolvidos. Este deve ser parado e aí terá que findar, sendo a bola liberta. A placagem de um jogador num maul ou a tentativa de o derrubar constitui penalidade e acarreta como consequência o cartão amarelo para o jogador (jogadores) em questão. O cartão amarelo obriga a 10 minutos de suspensão. Um segundo amarelo representa a expulsão do jogo e o respectivo cartão vermelho.
4. Formação espontanea ou Ruck

Um ruck ocorre quando, após uma placagem, há disputa pela posse da bola e envolve sempre um ou mais jogadores de cada equipa (de pé) e em contacto físico sobre ela.
Os jogadores que se encontram no chão não podem reter ou disputar a bola, sendo que se um jogador se encontrar no chão do lado oposto aquele correspondente ao da sua equipa e estiver envolvido no ruck, cometerá uma falta pois estará em fora-de-jogo.
Não existe qualquer limite de jogadores envolvidos num ruck, desde que nunca entrem nele pelos lados e contando que a bola, assim que possível, é tornada jogavel.
5. Hand Off

No hand off, o portador da bola afasta o seu adversário com a mão aberta, visando com isso impedir uma placagem e progredir no terreno.
Nos escalões de bambis, benjamins e infantis o hand off não é permitido sendo que também não é permitido o hand off com o punho fechado, aplicando-se esta última observação a todos os escalões.
6. Up and Under

É um pontapé alto e curto, a ideia é que o chutador consiga recuperar a bola mais à frente sendo que, para esse fim, quanto mais tempo a bola estiver no ar maiores são as probabilidades do chutador a conseguir recuperar.
Os companheiros de equipa que estejam à frente do chutador têm de recuar para trás do chutador, isto porque se não o fizerem ficam em fora de jogo.

Notas finais

1. Sobre a Linha de bola morta

Marca o fim da área de ensaio. Se a equipa que ataca fizer sair a bola pela linha de bola morta, a equipa que defende beneficia de um pontapé de 22.
Se for a equipa que defende a fazer sair a bola pela linha de bola morta, a equipa que defende ataca beneficia de uma mellée a cinco metros da linha de ensaio.
2. Sobre o sistema de pontos aplicado em Portugal

Actualmente estão previstos dois sistemas de pontuação para as competições nacionais:

Um, aquele que se usa nos campeonatos de séniores, juniores, juvenis e iniciados. Este sistema possui pontos de bónus, que são atribuídos por 4 ensaios ou mais obtidos num encontro (qualquer uma das duas equipas pode receber este ponto) e/ou, no caso da equipa derrotada, por ter perdido por uma diferença de 7 pontos ou inferior:
a) – por vitória – 4 pontos
b) – por empate – 2 pontos
c) – por derrota – 0 pontos
d) – por 4 ensaios (ou +) marcados – 1 ponto
e) – por perder por uma diferença inferior ou = a 7 pontos – 1 ponto

E outro, sem pontos de bónus, sistema que se utiliza nas restantes competições:
a) – por vitória – 3 pontos
b) – por empate – 2 pontos
c) – por derrota – 1 ponto
d) – falta de comparência – 0 pontos

3 comentários:

Anónimo disse...

Soberbo grande Bernas! Soberbo.

Tibério Dinis disse...

Fantástico, muito completo.
Bernardo que tal uma incursão pelo mundo dos comentadores dos jogos de Rugby? É uma miséria aquilo, nunca percebi nada e quando os comentadores são ajudam é natural que o público não entre no desporto com tanta naturalidade.

Abraço

Bernardo Rosmaninho disse...

Vou, de facto, pensar nisso. Mas o comentadores de rugby são, normalmente, pessoas ligadas á modalidade (ex-jogadores, dirigentes) e uma ou duas pessoas "do costume". Basta veres as transmissões que te apercebes disso.

Os comentários são muitas vezes subjectivos e fruto daquela típica opinião pouco (e mal) fundamentada portuguesa. É um pouco o aproveitar da TV para fazer passar um ponto de vista que nem mesmo os adeptos do rugby percebem (por força, ocasionalmente, do ridículo e faccioso do mesmo). Se isso sucede com o comum adepto de rugby, imagina com o espectador.

Um abraço.