quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Restart

São dez e um quarto da manhã e tu estás feliz da vida a conduzir, e devagar, vais dirigindo-te para a rua, para o inicio da distribuição. É trabalho, e como hoje tens pouco que fazer, até parece que não te custou levantar as seis, para estar a trabalhar ás sete. É trabalho. E também só faltam uns dias para acabar tudo e para ires de férias.

Não acontece de repente, nem acontece depressa, mas antes como se tudo estivesse em câmera lenta, e embora não tenhas tempo para reagir ou para alterares a tua direcção, sabes o que vai acontecer, mesmo contando com a enorme velocidade do outro veículo e com a inexistência de quaisquer sinais de aviso, nem sirenes, nem buzinas, nada.


Quando dou por mim, embateram no meu carro. A poeira, o sabor metálico provocado por todo o acidente e pelo sangue, que me cai da cara, deixam-me um pouco preocupado. O carro, mesmo não sendo o meu, porque tinha trocado de carros com a minha mãe, é a última coisa em que penso, numa altura em que um bombeiro me diz para ficar quieto e não me tentar mexer.

Nesse momento percebo que veículo é que embateu no Opel e pergunto porque é que alguem circulava num cruzamento a tanta velocidade, visto que o meu carro, onde tinham embatido, estava totalmente destruído, sendo que a única coisa que restava dele era precisamente o lugar onde eu estava sentado. Não tive resposta.

Fiquei quieto, e embora preocupado por causa de tanto sangue e porque não conseguia ver de um olho e tinha a cara toda retalhada por causa dos vidros, não perdi a consciência. Pouco ou nada disse enquanto me desencarceravam do carro, e apenas pedi para telefonarem à Manuela, o único número registado no meu telemóvel temporário, para que avisasse os outros.

Fui levado para o hospital e mesmo nessa altura, sem consciência completa do que se tinha passado, achava que não haveria problema, que iam cozer-me e depois ía ver o Arménia-Portugal a casa do Tomás. Sete horas depois, sabia que as coisas eram diferentes.

Deve ser defeito ou algo relacionado com a nossa natureza acharmos, contra todas as evidências, que está tudo bem. Portanto, apesar do traumatismo na cabeça e no joelho, dos cortes profundos e de um músculo (acima do sobrolho) desfeito, aquilo em que eu estava a pensar era em ir ver um jogo de futebol com um dos meus melhores amigos. Sete horas depois, sabia que as coisas eram mesmo diferentes.


Passaram-se quase duas semanas, e apesar de o joelho direito ainda não estar convenientemente tratado - falta só desinchar - e de ainda não conseguir fechar bem o olho direito à conta de uma inflamação neste que me chateia (e muito), as cicatrizes até estão com muito bom aspecto (segundo aparenta demoram um ano a tratar correctamente) e eu estou apresentável. Pronto para as férias que pensava poder tirar (mas vou de comboio!), para os exames de setembro (se conseguir estudar, custa-me a ler), para mais um ano.

Tal como os computadores (o meu soube-o ontem, recuperou-se não sei como após ter crashado uns dias depois do acidente), todos nós chegamos a uma altura em que temos que recomeçar (normalmente essa altura é no Ano Novo, não na sequência de um acidente de viação...). Essa altura chegou para mim.

Agora tenho que ir com calma, já que este ano, o Rugby por agora só do banco (apesar de ter o curso de treinador duvido que haja interesse em treinar uma equipa universitária); a Associação só à distância (apesar de poder dizer que aquilo neste verão deu uma volta bem grande, e para muito melhor, algo que eu gostava de ter feito mas que não invejo, congratulo, posto que, em todo o caso, haverá sempre trabalho a fazer); e o Trabalho, esse, por motivos óbvios, está, por agora, fora da equação.

Resta-me o curso, que este ano vai correr melhor, espero que com - finalmente - umas notas que valha a pena mostrar, e outros projectos, como a Tuna e o Blog, que, a seu tempo, terão a atenção devida. Mais a primeira que o segundo, até porque foi algo que no ano transacto não consegui prosseguir.

O Blog do Bernas está de volta á actividade, e, assim que eu conseguir recuperar o meu PC, hoje ou amanhã, mais posts se seguirão. Um abraço a todos.

Bernardo Manuel Carmona Rosmaninho.

5 comentários:

Saroccas disse...

Olaaaa!

Espero que, pelo menos, os dias anteriores ao acidente tenham sido minimamente agradáveis.

Desejo-te as rápidas melhoras do fundo do coração.

Beijinho *

Anónimo disse...

Apanhaste-me de surpresa quando me contaste isto por telefone, assim, lido, ainda tem um efeito mais aterrador.. Este ano, será para ti, sera certamente mais calmo, mais trabalhoso, mas te garanto, que contarás sempre com o apoio dos teus amigos! Um grande abraço de melhoras meu irmão!

PS - segundo percebi, não podes fazer grandes esforços..assim, garanto aqui que vamos ganhar a Maratona de Outubro por TI, que também lá estarás, fazendo parte do espirito que sempre temos naquele dia! Espero ver-te muito em breve, abraçao[[]]

ATG disse...

Caro Bernardo,

um grande abraço e desejo de rápidas melhoras! Felizmente não te aconteceu nada de mais grave. É bom, apesar de toda essa desgraça, conseguires ter a frieza de ânimo para pensar no convívio com os teus amigos.

Um abraço e melhoras,

Alexandre Guerreiro

Bernardo Rosmaninho disse...

Espero que tenham recebido resposta minha ao vossos comments que aqui deixaram. Mas de qualquer forma queria agradecer-vos e mandar-vos um abraço (e um beijinho, Sara) pelas vossas mensagens, sendo que faço votos para que estejam bem.

Bernardo Rosmaninho

PS: Eu vou jogar na maratona.
PS2: Estou a recuperar muito bem.

Anónimo disse...

Grande Bernas!

um grande abraço e fizeste falta no algarve...e portugal ja pontua contra a nova zelandia!!!