segunda-feira, 19 de março de 2007

A notícia do mês e (até agora) do ano. (Introdução)

Já andava para pôr aqui esta notícia há muito tempo. Sendo a crítica algo muito mais fácil de fazer que o elogio, esta é uma notícia que merece todo o meu aplauso. É difícil fazer uma avaliação qualitativa imparcial do governo. Eu acho que eles estão a fazer um trabalho satisfatório. Não bom, nem sequer suficiente, mas, a meu ver, promissor.

No caso do Desporto, creio que o trabalho desenvolvido pode ser, sem que se mexa muito no herário público, fantástico. O problema são as prioridades dos governantes e a capacidade de coordenação com as entidades em questão (federações, COP, IDP, desporto escolar, associações, clubes, mecenas (particulares - ex. joão lagos), entre outros.
As dificuldades começam porque normalmente, as prioridades dos sucessivos donos da pasta do Desporto estão todas trocadas... I.E., para bom entendedor (e +/- por esta ordem): Futebol, SLB, SCP, FCP e FPF.
Como se isso não bastasse, surge de seguida a supra mencionada falha (ou incapacidade) de coordenação com as demais entidades e particulares, originando (ou mantendo) situações que merecem, podem, e devem ser resolvidas, sem que se recorra a grandes quantidades de dinheiro. Querem exemplos?

Andebol
Continuamos a ter dois campeonatos principais de séniores porque liga e federação não se entendem. Continuamos a prejudicar os principais clubes, e os seus desempenhos internos e externos porque a competição não é correctamente organizada, porque os melhores jogadores são forçados a emigrar para o estrangeiro. Maior prejudicado? A selecção. Os resultados estão à vista.

Atletismo
Infra-estruturas, infra-estruturas, infra-estruturas.
Demorámos quase uma década a decidir o que fazer com uma pista para atletismo (isto indoor), quando não há mais nenhuma no país! Apoio na transição dos atletas para séniores (para não dizer profissionais): nenhum ou muito pouco. Apoio e "casa" para a selecção nas várias modalidades do atletismo nacional não existe.
Será que custa assim tanto fazer um protocolo com a FPA, com os principais clubes, ajudar a ter condições melhores, aliviando-os assim desse fardo e permitindo-lhes concentrarem na formação de atletas e treinadores, e na captação de melhores atletas internacionais e nacionais (não apenas para as provas mas também para que treinem e vivam aqui - não em espanha!).
Os resultados de ainda não se ter feito isto também estão (e muito) à vista. O melhor clube nacional - o SCP - nem pista própria possuí!, quanto mais pista coberta para os seus atletas! O fundo e o meio fundo português, disciplinas tradicionalmente "nossas", estão a morrer. Pista coberta não existe, treme-se só de pensar na palavra renovação. Porque ela tarda. Só não vê isto quem não quer.

Natação
Novamente... infra-estruturas, infra-estruturas, infra-estruturas.
Não podemos evoluir se não houver mais e melhores infra-estruturas! A piscina do Jamor só por si não chega "para as encomendas". Ajustar as épocas e os campeonatos para que os atletas possam atingir o pico de forma nas competições internacionais é fulcral, isto para não falar numa flexibilização e ajuste da realidade dos nossos jovens (estudantes) para que possam treinar e competir sem que estudos ou desporto sejam prejudicados. Querem resultados? Vejam qualquer entrevista de um nadador português a uma televisão antes (e depois) das provas.

Rugby
O rugby nacional está de parabéns por tudo quanto tem acontecido. Equipa técnica da selecção e FPR em especial mas, se queremos mais do que um sucesso ocasional, temos que capitalizar e investir em infra-estruturas para clubes e para selecção. Os nossos resultados mostram que já merecemos há muito tempo isso. Esta notícia é uma boa ajuda, mas temos que aproveitar e "dar o salto", evoluir nas condições e capacidades que proporcionamos, isto porque organização já existe, jogadores e técnicos também, falta aprimorar, melhorar condições de trabalho e estes resultados (e outros que virão no futuro) serão uma realidade... constante.

Podia acrescentar o Basquetebol, o Voleibol, o Ténis e o Futsal, bem como muitas outras modalidades, áquelas que carecem de problemas estruturais, que carecem de infra-estruturas e de condições para melhorar o seu trabalho e os seus resultados, mas nenhuma das críticas que faço e nenhum dos problemas que aponto reduz ou pretende denegrir aquilo que já se alcançou e os resultados, não obstante, obtidos.

Este Secretário de Estado afirmou, aquando da sua participação, no ano passado, na FDL, numas jornadas sobre o Direito do Desporto, querer fazer um levantamento da capacidade desportiva do nosso país, para posteriormente passar à acção nos campos que fossem mais pertinentes.
Acredito nele e espero que consiga dar um contributo positivo para o desporto nacional.
Tudo depende da sua capacidade para se entender com as entidades e pessoas e das suas prioridades.

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