Ocorreu-me, enquanto tentava escrever um artigo sobre o esforço de inclusão do rugby nos Jogos Olímpicos (ver divulgação da iniciativa aqui), que muitas vezes tentamos, enquanto adeptos, jogadores, técnicos ou simplesmente membros da comunidade de rugby, explicar, sem que o consigamos fazer perfeitamente, porque gostamos e temos um enorme orgulho em fazer parte deste grupo, deste enorme conjunto de pessoas que, a uma escala global, uma modalidade uniu, formou e mudou de forma inequívoca.
Sem querer, por vezes transmitimos uma ideia de superioridade e de elitismo que, verdade seja dita, não correspondem aquilo que é o espirito do rugby. A solidariedade, a entreajuda, o sacrifício, a amizade e o respeito mútuo são expressões fortes e com um grande peso, mas que apenas simbolizam parte daquilo que o rugby, enquanto indivíduos, nos pode dar ou já nos deu e, não se coadunam com estes defeitos que de forma crítica muito facilmente são atribuídos aos praticantes e adeptos desta modalidade.
Seria completamente inconsciente (para não dizer errado) se achássemos que, nas outras modalidades, individuais ou colectivas, não existem valores semelhantes, e até outros diferentes, dos nossos, e que cada desporto, do mais conhecido à mais obscura modalidade, não merece exactamente o mesmo nível de respeito que temos pelo rugby.
Creio que aquilo que nos apela enquanto amantes do rugby e que passa muito vezes por elitismo é apenas a familiaridade, uma das bases da nossa prática comum e uma característica que desejamos manter a todo o custo, apesar de querermos ver o rugby crescer em número de praticantes e adeptos.
O mesmo sucede com uma certa superioridade, que creio, no nosso caso, ser confundida com um desejo, uma necessidade que temos de, à medida que vemos a modalidade crescer, evitarmos e descartarmos alguns defeitos do desporto que, inevitavelmente, é 'rei e senhor' no mundo (e em Portugal) e do qual, acrescente-se, somos (regra geral) também adeptos, o futebol.
A IRB tentou, porque quer voltar a ver o rugby incluído no calendário dos Jogos Olímpicos (agora na variante de sete, os sevens), fazer um vídeo que englobasse as principais características da modalidade e que fosse ao mesmo tempo uma boa promoção desta.
Longe de saber se este será o melhor exemplo que podemos dar, creio que é o melhor vídeo que podemos ter. Sei que os Sevens (porque o rugby de XV não pode) podem e devem fazer parte do calendário olímpico e conto que em 2016 tal suceda.
Acredito que o rugby, porque o Barão de Coubertin praticava e arbitrou jogos da modalidade, sempre foi visto como uma inspiração para a criação do movimento olímpico, e que merece regressar ao maior evento desportivo do planeta.
Esperemos que a 2 de Outubro deste ano, em Copenhaga, capital da Dinamarca, o Comité Olímpico Internacional vote a favor da inclusão do rugby nos Jogos Olímpicos de 2016. Entretanto, fica acima o supra citado filme que conto que apreciem.
Bernardo Rosmaninho
Bernardo Rosmaninho