Escusado será comentar, após meio mundo ter comentado e discutido, o resultado e a pertinência (ou inexistência dela) de um programa/concurso desta índole. O título de grande português, ou, no caso, de grandes portugueses, não carece de ratificação por parte da RTP. É uma designação que cada um de nós atribui (não necessáriamente usando estas palavras) a uma pessoa ou personalidade que consideramos relevante para o nosso passado e presente.
Daí até tentar avaliar aquilo que é uma preferência pessoal e tranformar esta numa decisão colectiva, vai um salto enorme. Aquilo que a "televisão pública" fez mostra-nos o quão falhada pode ser essa opção. Não por falta de controvérsia ou polémica, mas sim porque enquanto povo, os nossos "intelectuais" (políticos e de outras áreas) não são capazes de conceber o entertenimento sem tentarem fazer do mesmo um escalonamento, totalmente viciado por sucessivos movimentos de lobbying, da sociedade nacional.
Só assim se compreende as "enormidades" cometidas a tantos séculos de história e a tantas personalidades. "Cromos" de novelas, dirigentes desportivos, verdadeiras "personagens" da nossa realidade. Mas mesmo assim tivemos que fazer disto algo sério e imponente, algo decisivo para a evolução deste país, algo, acrescente-se, dependente de chamadas de valor acrescentado!
Mas pronto, agora que tudo isto terminou, eu encontrei uma análise que, comentários aparte, creio que vale a pena ler, e uma frase que resume aquilo que eu concluí desta "barbaridade" televisiva.
A análise podem ler no Bar Velho, neste link.
A frase é da autoria do Nuno Azinheira, no DN, retirada deste artigo.
"Depois da vitória de Salazar no domingo à noite no Grandes Portugueses, houve quem não perdesse tempo a arranjar justificações: que a RTP tinha sido a culpada de tão ignóbil vitória, contribuindo para o "branqueamento da História"; que muitos portugueses já se tinham esquecido de como viviam no tempo do fascismo; ou, pura e simplesmente, este era um "voto de protesto contra o actual estado de coisas em Portugal".
Em democracia, já se sabe, pode dizer-se tudo. Até os maiores disparates. De protesto? Será que alguém, por mais desesperada que seja a sua situação, acredita que vivia melhor com Salazar? Esquecimento? Será que alguém que viveu com a censura, com a repressão política, com o autoritarismo de Estado, com a polícia política se pode esquecer dessas trevas?
Anda muita gente à procura de respostas sociológicas para a magna questão, mas a justificação está bem mais perto: ao contrário do que a elite e os políticos querem fazer acreditar, o Grandes Portugueses era só um programa de televisão. Um passatempo, que a maior parte dos portugueses encarou como tal. O problema é que os políticos e comentadores levam tudo muito a sério. Mas são cada vez menos os que os levam a sério..."
Daí até tentar avaliar aquilo que é uma preferência pessoal e tranformar esta numa decisão colectiva, vai um salto enorme. Aquilo que a "televisão pública" fez mostra-nos o quão falhada pode ser essa opção. Não por falta de controvérsia ou polémica, mas sim porque enquanto povo, os nossos "intelectuais" (políticos e de outras áreas) não são capazes de conceber o entertenimento sem tentarem fazer do mesmo um escalonamento, totalmente viciado por sucessivos movimentos de lobbying, da sociedade nacional.
Só assim se compreende as "enormidades" cometidas a tantos séculos de história e a tantas personalidades. "Cromos" de novelas, dirigentes desportivos, verdadeiras "personagens" da nossa realidade. Mas mesmo assim tivemos que fazer disto algo sério e imponente, algo decisivo para a evolução deste país, algo, acrescente-se, dependente de chamadas de valor acrescentado!
Mas pronto, agora que tudo isto terminou, eu encontrei uma análise que, comentários aparte, creio que vale a pena ler, e uma frase que resume aquilo que eu concluí desta "barbaridade" televisiva.
A análise podem ler no Bar Velho, neste link.
A frase é da autoria do Nuno Azinheira, no DN, retirada deste artigo.
"Depois da vitória de Salazar no domingo à noite no Grandes Portugueses, houve quem não perdesse tempo a arranjar justificações: que a RTP tinha sido a culpada de tão ignóbil vitória, contribuindo para o "branqueamento da História"; que muitos portugueses já se tinham esquecido de como viviam no tempo do fascismo; ou, pura e simplesmente, este era um "voto de protesto contra o actual estado de coisas em Portugal".
Em democracia, já se sabe, pode dizer-se tudo. Até os maiores disparates. De protesto? Será que alguém, por mais desesperada que seja a sua situação, acredita que vivia melhor com Salazar? Esquecimento? Será que alguém que viveu com a censura, com a repressão política, com o autoritarismo de Estado, com a polícia política se pode esquecer dessas trevas?
Anda muita gente à procura de respostas sociológicas para a magna questão, mas a justificação está bem mais perto: ao contrário do que a elite e os políticos querem fazer acreditar, o Grandes Portugueses era só um programa de televisão. Um passatempo, que a maior parte dos portugueses encarou como tal. O problema é que os políticos e comentadores levam tudo muito a sério. Mas são cada vez menos os que os levam a sério..."
1 comentário:
A TV pública é uma espada com dois gumes...
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