sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Leitura Digestiva (#1)

Nota: A expressão "Leitura Digestiva" diz respeito aos livros que costumo ler muitas vezes ou aqueles livros que aprecio tanto, que acabo por, independentemente do tamanho destes ou do tempo disponível, me envolver na leitura deles, levando-os para todo o lado e aproveitando toda a ocasião para os ler, até que os acabe (quem me conhece melhor e/ou já passou férias comigo já está habituado a ver-me com o 'tijolo' atrás, sendo que não é de todo invulgar passado dois, três dias, já ter mudado de exemplar...).


De Steven Pressfield surge este livro, "Marés de Guerra" (Tides of War é o título original), o primeiro de três deste autor que irão aparecer neste tipo de posts. Li-o no início de Janeiro e já andava a pensar para quando um post sobre o assunto. Acabei por arranjar paciência para digitalizar a capa e para escrever sobre o mesmo nesta semana, já que me encontro doente.

O livro aborda os acontecimentos da Guerra do Peloponeso (que opós Atenas a Esparta) e fala-nos da vida de Alcibíades, o maior general da história de Atenas, familiar de Péricles, discípulo de Sócrates, adorado e odiado pela cidade que liderou, condenado ao exílio por esta, elemento preponderante para o auge e queda do poder político e militar de Atenas, que culmina com a sua derrota ás mãos dos espartanos.
Atleta e militar por excelência, Alcibíades foi um exemplo do melhor e do pior que a cidade-estado criou. Tri-campeão olímpico, militar de carreira, general invencível, político carismático, tudo isto foi este homem, que era adorado pelos seus conterrâneos e temído pelos seus inimigos.

Nesta obra observamos a Atenas de Péricles, durante e após a morte do grande líder, uma cidade no máximo do seu esplendor e glória, e vemos como os excessos da demos ateniense podem conduzir um homem de strategos autokrator (comandante supremo) a exilado, a traidor.
O destino desta personagem, um herói tanto para os gregos como para os historiadores que relataram a sua vida, foi o de um constante sucesso, motivado por uma intensa chama pessoal e por uma sede de glória digna de Aquiles, até que, abandonado por gregos e persas, que o abraçaram, mas não puderam conter (sendo consecutivamente obrigados a exila-lo), foi assasinado.

Com a morte de Alcibíades, Atenas perdeu a sua única hipótese de vitória na guerra do Peloponeso, tendo posteriormente sido derrotada, submetida e subjugada à sua rival, Esparta. A sua história é narrada pelo seu assassino, que espera a sua morte juntamente com Sócrates, que tinha sido condenado por um tribunal da cidade.
Este romance histórico oferece-nos uma experiência fantástica no que concerne à guerra e ao ambiente em que esta se travava e proporciona-nos uma visão ímpar daquilo que a democracia ateniense teve de melhor e de pior.

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